domingo, 16 de agosto de 2015

Quarto montessoriano

Vocês já ouviram falar em quarto Montessoriano? Qual a diferença do quarto tradicional e de um quarto Montessoriano? 

Preste atenção nas fotos abaixo:


Este é um exemplo de um quarto tradicional. 
 Quartinho dos sonhos de muita mãe. Porém, existe algo neste quarto que foi feito para o bebê? Não. 
E o que tem no campo horizontal de visão dele? Nada.

Agora veja a diferença nas fotos abaixo:



 Estes são exemplos de quartos Montessorianos. Neles, o ambiente é preparado para o bebê e a preocupação com a funcionalidade está acima da estética.

Desde a primeira vez que li algo sobre a filosofia Montessoriana, eu me identifiquei muito com o método pois é muito parecido com a maneira pela qual eu e meu marido já vínhamos criando a Luli. Por exemplo, propiciar um ambiente calmo para ela interagir (sem televisão e com tons de voz baixos), dirigir atenção à atividade que ela esteja buscando, estimular ordem e concentração, permitir que ela explore livremente o ambiente e criar brincadeiras e atividades feitas em casa. 

Mas o método Montessoriano vai muito além disso. Ele envolve também todo o preparo de uma casa para receber uma criança. Quarto, sala, cozinha, banheiro e outros cômodos, devem estar adaptados e adequados para que a criança seja capaz de desenvolver sua autonomia, independência e habilidades que a maioria de nós adultos subestimamos que ela seja capaz de realizar.


E o quarto baseado no método Montessoriano nada mais é que um ambiente preparado para a visão do bebê e da criança e não para o adulto. Cama baixa, espelho disponível, barras para que se levantem sozinhos e andem de forma autônoma pelo quarto, estante de brinquedos acessível, prateleiras para livros próximas ao chão, decoração na altura dos olhos do bebê/criança e acesso às roupas, são exemplos de alguns ítens que compõem um quarto Montessoriano.

Ou seja, aqueles quartinhos de bebês fofíssimos que vemos em revistas e sites de decoração, na verdade são feitos para facilitar, acomodar e agradar o adulto: o berço e o trocador são móveis altos e os quadrinhos e decorações são colocados na altura dos olhos do adulto. Por isso, os quartos tradicionais não são interessantes e muito menos funcionais e estimulantes para o bebê e para a criança.


Já um ambiente dirigido para o bebê/criança e não para o adulto busca o aprendizado pessoal e permite que eles expressem livremente suas características inatas. O resultado é uma criança que se desenvolve espontaneamente por meio de suas próprias experiências e de forma mais criativa.


Quando a Luisa tinha mais ou menos nove meses, foi a primeira vez que ouvi falar em quarto Montessoriano. Li bastante a respeito e logo eu e meu marido começamos a transformar o quarto dela. Na época ela já engatinhava e o primeiro ganho que notamos foi que ela começou a se interessar pelo ambiente novo e sozinha começou a buscar seu quarto para usá-lo. Passou a sair da sala para explorar seu quarto, o que praticamente não acontecia antes.


Desde então vejo muitos benefícios e experiências que minha filha vivencia dentro de seu quarto e que não seria possível se ele fosse um quarto tradicional: maior criatividade e espontaneidade, maior consciência corporal e independência.


Criatividade e espontaneidade


O fato dos brinquedos estarem à disposição dela de forma organizada em uma estante baixa (e não tudo misturado em uma caixa ou cesta), possibilita que ela faça escolhas com o que quer brincar, e ajuda a aprender a tomar decisões. A estante oferece também uma melhor visualização do que está disponível para ela explorar. Assim é possível criar novas atividades usando peças de um brinquedo em outro e criar novos cenários.


Por exemplo, no quarto dela há uma cesta de bolinhas sensoriais de vários tamanhos e um jogo de empilhar cubos também de tamanhos variados. Certa vez ela pegou as bolinhas e colocou uma bolinha dentro de cada cubo de empilhar, que são abertos embaixo. Eu a assisti tentando encontrar as bolinhas que tivessem o tamanho adequado para cada cubo, num jogo de tentativa e erro e aprendizagem espacial.


Consciência corporal


Outro exemplo, e que eu adoro, é o espelho. Acredito que o espelho seja um dos ítens de maior importância dentro do quarto. Para um bebê que está conhecendo e descobrindo seu próprio corpo, o espelho ajuda muito na consciência corporal, no desenvolvimento motor e no interesse pelas suas próprias habilidades recém adquiridas.


A Luisa ama o espelho dela. Quando era menor passava muito tempo brincando com sua própria imagem. Hoje, quando ela troca de roupa, ela corre para se ver no espelho e para tentar vestir uma peça sozinha. Quando começou a aprender a pular, adorava ir lá para ver o que estava fazendo. Até já foi comer na frente do espelho, pela curiosidade de ver o que acontece com os alimentos enquanto come.


Autonomia e independência


A prateleira de brinquedos baixa dá autonomia para a criança buscar o que lhe interessa e trabalha decisões. A cama baixa ou o colchão no chão, também permite autonomia e independência. 


Hoje penso muito no porquê os bebês tem que dormir em um lugar alto e consequentemente cercado de grades para evitar quedas. Por que eles acordam e tem que chorar ou pedir para alguém vir tirá-los de lá? Por que eles precisam vivenc
iar o confinamento? Um colchão no chão, além de ser economicamente mais vantajoso, permite por exemplo que o bebê acorde e vá explorar o ambiente por conta própria ou vá sozinho ao encontro dos adultos em outro ambiente da casa.


Aqui em casa, o colchão no chão tem sido essencial também como meio de comunicação. Há um tempo a Luisa começou a deitar-se sozinha para demostrar que está cansada ou com sono e quando eu falo que é hora de dormir ela corre pra sua caminha e deita.


Desenvolvimento de habilidades.

Nós adultos temos uma inclinação muito grande de superproteger bebês de "perigos" do lar e acabamos por subestimar sua capacidade de manipular as coisas e se auto proteger. Eu, por exemplo, me admirei muito quando Maria Montessori mostrou bebês de nove meses tomando água em um copo de vidro, dizendo que eles são capazes de aprender a controlar seus movimentos para não derramar a água e nem quebrar o copo. Para entender o processo e aprender essa habilidade, eles precisam passar pela experiencia de quebrar um copo e tomar um "banho" de água uma ou outra vez e isso acontecerá não importa se você oferecer o copo com 9 meses, 12, 18 ou 30 meses.

Seguindo essa filosofia, aqui nunca usamos travas para portas e gavetas e a Luisa sempre teve livre acesso para abrir tudo. Com nove meses ela abria as portas e gavetas do armário do seu quarto, explorava, tirava todas as roupas de dentro e depois, ao tentar fechar, por algumas vezes prendeu o dedo. Como era muito novinha ainda, nunca prendeu o dedo com muita força e apenas se assustava. Em pouquíssimo tempo ela aprendeu sozinha o movimento correto para fechar portas e gavetas. Com 11 meses de idade ela já não prendia dedos em portas e gavetas. Hoje, acho até engraçado quando vem uma visita aqui em casa e a Luisa abre uma gaveta ou quer fechar uma porta de um cômodo. As pessoas em geral saem correndo desesperadas atrás dela para fechar para ela.

Esse cuidado e controle de movimento que ela adquiriu para abrir e fechar portas e gavetas se transferiu para outras atividades. Desde então ela manipula objetos de maneira muito controlada e delicada e nunca foi de atirar brinquedos para cima ou para o chão. Também inserimos no seu dia-a-dia copos de vidro e pratos de porcelana. Ela é capaz de andar pela casa com um prato na mão, com uma fruta ou comida sem derramar ou quebrar, pois os únicos dois copos que ela quebrou foram suficientes para ela entender o que é quebrar vidro e perder para sempre um objeto.


O benefício, além do aprendizado motor e experiência sensorial, é ter também uma criança controlada (claro que há outros fatores que influenciam também no controle de movimento dos bebês e a própria personalidade, mas sem dúvida essas experiências tem grande influência). Aqui em casa não há preocupação com os objetos de casa ou com os da casa dos outros quando vamos visitar alguém.

Há muito material disponível na internet sobre quartos montessorianos, com fotos e idéias e com mais explicações sobre a importância e impacto no desenvolvimento dos bebês, para quem quiser seguir.

É possível criar um ambiente montessoriano desde o nascimento dos bebês. Quando começamos a montar o quarto da Luli, ela já estava começando a andar, por isso alguns ítens de quarto montessorianos para bebês, como espelho na horizontal e barras para se apoiar, não chegamos a colocar. 

Abaixo, algumas fotos do quarto da Luli para ajudar a quem quiser montar um quartinho Montessoriano.


Colchão no chão.
Mesinha de artes com giz, canetinha e folhas de papel para ela desenhar








Vou rodiziando e variando as atividades da estante e de uma das cestinhas. A cestinha que tem as bolinhas eu não troco pois ela ama essas bolinhas texturizadas.
Na caixinha de madeira eu coloco objetos simples e aleatórios da casa para ela explorar e tento trocar quase diariamente ou semanalmente (se ela gostou muito eu deixo mais tempo). Uma atividade que fez sucesso foram os rolos de durex coloridos, que ela empilhou, equilibrou, encaixou em outros brinquedos e até abriu os durex e sentiu o grude..




Espaço de leitura ao alcance. Ela já conhece bem seus livrinhos e escolhe qual quer folhear ou traz para mim se quer que eu leia para ela. 



A cestinha ao lado do espelho tinha objetos cotidianos, como escova de dentes, um pente de cabelo, tiaras e um chapéu. Agora que ela tem sua própria pia no banheiro, deixo apenas roupas na cestinha e ela já está acertando o bracinho no buraco da manga e a perna na calça.



Na sacada tem uma plantinha e um regador no chão mas que logo mais vão ganhar um mini banquinho com bordinhas e ralinho para coletar a água!

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