terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Amamentar-se de amor. Eu ou ela?

Livros sobre gravidez, sobre bebês, cursos pré natal e as opiniões sempre apontam para a importância da amamentação para o bebê e para a mãe. Leite materno protege, é rico em nutrientes, emagrece, ajuda a prevenir câncer de mama, etc e etc. Ora, sendo a opção mais saudável para minha filha, nunca nem sequer passou pela minha cabeça outra alternativa. Queria dar a ela o melhor alimento. Também nunca tinha passado pela minha cabeça que, enquanto eu dava a ela o meu leite eu estava dando algo a mais.

Os bebês não nascem sabendo sentar, não nascem sabendo falar, não nascem sabendo andar, não nascem sabendo mandar beijinhos e nem bater palminhas. A única coisa que eles nascem sabendo fazer, além de chorar, é sugar. Nem chupeta e nem mamadeira. Apenas o peito materno. É instintivo. É o que eles querem. Leite da mamãe. E se eles tem o que querem sentem-se seguros, protegidos e amados.

Aguardei ansiosamente durante toda a minha gestação a nossa primeira mamada juntas. O que eu mais desejava profundamente era ser capaz de poder amamentá-la, de dar o melhor para ela, de fazê-la crescer saudável através de mim mesma, como sempre foi, desde que estava na minha barriga.

Foi ainda na sala de parto, depois de apenas 20 minutos dela ter nascido, que senti pela primeira vez que amentar vai além de oferecer leite. Não estava dando a ela apenas alimento. Estava dando o que ela precisava e queria: o meu leite. Porque ele vai junto com o sentimento de que eu estou aqui e cuidando dela. Cuidando porque amo.

Aquele momento mágico durou um pouco mais de uma hora. Ela foi conhecendo meu cheiro, minha voz, meu toque, eu ia a conhecendo devagar. Examinei, sua orelhinha, seu cabelo, seus dedinhos, olhinhos, mas o mais importante é que eu não a apressei. Deixei ela lá para que percebesse que eu estaria sempre disponível para ela, sempre que precisasse, por ela.

Amamentar não é trivial, envolve tempo, dedicação, paciência, aprendizado, dor (tive muita no começo, mas passa) e muitas madrugadas. E até hoje, durante esses quase quatro meses, nem tudo foi tão fácil.

Depois de mais ou menos três semanas de amamentação com sucesso, a Luli começou a ficar irritada no final de cada mamada. Nossa rotina era: eu oferecia um peito quando ela queria, trocava fralda e depois oferecia o outro, e foi depois da troca de fralda que ela começou a brigar comigo. Pegava o peito e se jogava para trás, pegava e chorava, pegava e se debatia. Não entendia esse comportamento entre pegar e soltar, querer e não querer. E ai começou aquele sentimento de frustração.

Marcamos uma hora com uma consultora de lactação. Após muita conversa, fomos ver na prática o que estava acontecendo. Conforme a Luli ia mamando, íamos parando a colocando na balança. Bingo! Santa balança ultra sensível que tem naquele consultório. Em alguns minutos a Luli já havia mamado 140 ml de leite e de apenas um lado. Para quem não sabe (eu também não sabia), o normal para a idade dela na época é de 90ml a 120ml. Santa balança e santa produção de leite a minha.

Mas o mais importante foi o que a consultora nos orientou a partir de então. "Se depois que ela mamar um lado e você trocar a fralda, ela ainda continuar pedindo o peito, dê o mesmo lado. Ele já não estará tão cheio de leite, então o fluxo será menor. Ela provavelmente não quer mais leite, por isso se irrita. Só quer ficar juntinho de você".

Voltei para casa renovada e assim segui: a cada mamada um peito só (por isso que essas receitinhas prontas de livro, 20 minutos de cada lado, não funcionam.). Não sei o que me deixava mais feliz, amamentação tranquila restabelecida, saber que ela queria ficar juntinho de mim ou o que passei a receber dela em troca. Ah aqueles sorrisinhos gostosos...

Depois da troca de fralda passei a dar o mesmo peito e enquanto ela ia sugando, sonolenta e do jeitinho que ela queria, parava por vezes para dar aquele sorrisinho. Aquele que faz o olhinho dela ficar fininho, fininho. Aquele ainda com uma pocinha de leite na boca e que agora ia escorrendo pela sua bochecha. Esse é o amor que recebo de volta dela. Que recebo como uma forma que ela tem de dizer obrigada.

E assim fomos até ela completar dois meses e meio. De repente, de um dia para o outro, ela passou a mamar menos, algo em torno de três a quatro vezes em 24 horas. Fomos até a médica só para constatar algo que já sabíamos. Não, ela não estava doente. Nem sinal de uma virose qualquer. Ela simplesmente não tinha fome. Mesmo oferendo para ela depois de cinco horas sem comer, ela se afastava e resmungava. Nada fazia ela mamar se não quisesse, e se não tem bebê mamando não tem corpo produzindo leite.

Ligamos para nossa consultora de lactação que me orientou a tirar leite pela bomba de hora em hora, para estimular o máximo que eu puder, pois uma vez que o leite seca, é muito difícil voltar. E lá fui eu usar a bomba pela primeira vez. Já havia mais de 4 horas que a Luli tinha mamado e eu só consegui tirar 15 ml de leite dos dois lados juntos. Fiquei olhando aquele potinho vazio por alguns minutos sem ainda acreditar. E foi assim por alguns dias consecutivos. Eu não saia do sofá e a bomba não saía de mim. Para cada gota de leite, uma lágrima e um abraço do meu marido. Cada míseros 15 ou 20 ml que eu conseguia tirar, um sentimento de impotência e pavor começaram a tomar conta de mim, pensando que aquela semana poderia ser a última em que eu iria amamentar minha filha.

Até hoje ninguém sabe o que aconteceu, nem as médicas e nem nós. Felizmente depois de muitas bombeadas e de beber muitos litros de água, minha produção de leite começou a subir devagar e, da mesma maneira como a Luisa tinha parado de mamar, de um dia para outro ela voltou a querer mamar regularmente.

Valeu cada minuto de esforço. Valeu o apoio do meu marido que ficou do meu lado e me ajudou o tempo todo. Valeu a sabedoria e consciência da minha médica que nos deu a chance e nunca me aconselhou a dar fórmula durante os dias em que ela se alimentava mal. Naquela semana a Luisa não ganhou peso, mas enquanto ela mantinha sinais de que estava hidratada, não era necessária nenhuma intervenção.

E assim vamos até hoje, com amamentação exclusiva no peito, e à hora que ela quer. A única coisa que mudou é a maneira como ela mama. Na última visita à consultora de lactação, constatamos que ela mama 120ml de um único lado em apenas quatro minutos. Mais uma vez a receitinha de 20 minutos em cada lado não funcionou com a gente. Ela mama tudo bem rapidinho, as vezes em três, as vezes em cinco minutos. Porém dessa vez, quando está satisfeita, se afasta para olhar pra mim e dar suas gargalhadinhas e gritinhos. O seu obrigada.

E assim eu quero ir. Se nada mudar, quero ir até quando meu corpo conseguir. Vou fazer o possível e o impossível para conseguir até quando ela quiser. Não me importarei com pré-conceitos de que criança grande amamentando é feio, é dependente. Não, não é. Inclusive esse é um assunto bem abrangente e delicado que vou discutir em um próximo post. E o que a Organização Mundial da Saúde recomenda é amamentação até os 2 anos de idade e por no mínimo 6 meses. No mínimo e não até 6 meses.

Se meu corpo não conseguir ir até onde ela quiser, tudo bem. Amamentar não é a única forma de dar amor e muito menos vou deixar de amá-la, mas vou ter que aprender a lidar com isso. Vou continuar admirando aquelas que conseguem e também aquelas que nunca puderam amamentar por qualquer que tenha sido o motivo, físico ou social. E dou uma dica para aquelas que também passarem por dificuldades. Consultem sim uma especialista, pois isso não é modinha da modernidade. A amamentação não é trivial e nenhum livro é capaz de dizer o quanto e como é a melhor maneira de amamentar seu filho. Não desistam. Vale cada esforço, pois cada mamada é um filho crescendo, uma troca de afeto e um vínculo fortalecido.

Em cada mamada, um momento tão nosso. Ela se amamenta de leite e nós de amor. Eu e ela.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Sobre bancos de cordão umbilical

Numa das muitas consultas pré-natal que tivemos, eu e meu marido, entusiasmados com a ideia, perguntamos ao meu médico daqui sobre bancos de cordão umbilical. A princípio estávamos entusiasmados pois acreditávamos que, caso a Luisa ou nós precisássemos, ele poderia ser imprescindível no futuro. Além disso, tínhamos a oportunidade de coletar aqui nos EUA, onde os valores dos bancos privados são muito mais acessíveis do que no Brasil. Para a nossa surpresa, o médico imediatamente nos respondeu: "Cuidado com a estratégia de marketing dos bancos privados, pois eles enfatizam um sentimento de culpa nos pais em não armazenar. Hoje quem não armazena o cordão umbilical não se sente um bom pai ou uma boa mãe, principalmente porque se trata da saúde dos próprios filhos".

Já tínhamos entrado previamente em contato com um banco privado daqui que nos explicou como funciona o processo. A equipe médica coleta o cordão umbilical e o banco vai buscar. Ao chegar no laboratório eles fazem uma análise e, se a amostra for viável, eles debitam automaticamente no cartão, se for inviável, eles descartam.

Meu médico não se posicionou nem contra e nem a favor do armazenamento, mas nos deu um bom material para ler para decidirmos por nós mesmos. Nunca tinha lido nada a respeito mas tinha em mente como algo tão promissor, por isso foi difícil a decisão, mas após pesquisarmos bastante, acabamos desistindo da ideia. 

Coloco aqui alguns pontos importantes sobre o texto que ele nos entregou e o que pesquisamos:

- De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para a amostra do cordão ser viável, ela deve conter, no mínimo, 500 milhões de células-tronco e não estar contaminada. Assim, os bancos públicos descartam 60% das amostram que chegam, enquanto os privados descartam apenas 2%.

Não é sabido ainda por quanto tempo um cordão umbilical pode ser congelado sem perder suas propriedades. Além disso, a análise da amostra congelada também pode danificá-la, portanto só é possível saber se é viável se vier a ser utilizada.

- A chance do bebê precisar das células tronco do seu próprio cordão é muito baixa. Aproximadamente 1 a cada 2.700. (Chance de precisar não significa necessariamente que irá se beneficiar dela, pois sua amostra pode não ser adequada ou ser danificada durante a análise)

- De acordo com o Instituto Português do Sangue e Transplantação, no maior banco de cordão umbilical norte-americano, o Cord Blood Registry, de 1993 até ao final de 2012, apenas 134 amostram foram liberadas para serem usadas no próprio doador, 66 para utilização em irmãos e apenas uma para a mãe.

- No Brasil, até 2012, das 45. 600 amostras armazenadas em bancos privados, apenas oito foram liberadas, sendo cinco para serem utilizadas em parentes (após autorização da Anvisa) e apenas três para o próprio doador.

- Ao contrário do que os bancos anunciam, o sangue do cordão não pode ser utilizado para tratar leucemia do próprio doador. Além do risco de desenvolver leucemia ser baixo, caso a criança venha a desenvolver, o sangue de seu cordão terá a mesma mutação genética, portanto ele precisará do sangue do cordão de outra pessoa para o tratamento. Isso vale também para anemia grave e outras doenças genéticas tratadas com células tronco.

- A Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia se posiciona contra a existência de bancos privados. De acordo com o presidente da associação, Carmino Souza. "Isso é apenas um negócio, que não tem impacto na saúde pública ou individual. As pessoas são ludibriadas num momento de muita alegria para acreditar que isso pode servir num caso de leucemia ou qualquer outro problema de saúde".

- Nesses últimos quinze anos, pouco se avançou nas pesquisas com células tronco de cordão umbilical e acredito que no futuro teremos muito mais opções de tratamento. Pesquisas atuais já estão encontrando novos caminhos para tratar doenças envolvendo células tronco originárias de outros tecidos, como por exemplo, do tecido adiposo, pele, fígado, pâncreas e polpa dentária.

- Como a chance de uma criança precisar de suas próprias células tronco são extremamente baixas (de 0,0005% a 0,04%) pois grande parte das doenças tratadas com células tronco tem origem genética, a maioria dos transplantes que utilizaram células tronco foram feitos com cordões de outro doador, a partir de bancos públicos. No mundo, mais de 12.800 paciente já foram tratados a partir de bancos públicos. 

- Para se obter sucesso com o transplante de células tronco, geralmente é necessária a utilização de mais de uma amostra compatível, ou seja mais de um cordão umbilical, pois a quantidade de células que se consegue armazenar de uma amostra é pequena, suficiente apenas para tratar uma pessoa de até 50 kilos. Portanto, caso necessite de terapia com células tronco, você poderá usar quantas amostras forem necessárias dos bancos públicos, porém apenas a sua única de bancos privados.

- Na França, Itália e Bélgica já é proibida a existência de bancos privados.


- Não possuir seu próprio cordão umbilical armazenado em banco privado não o exclui da utilização da sua própria amostra ou da amostra de outros doadores provenientes de bancos públicos. É o que acontece com os bancos de sangue. Você não precisa ter seu sangue congelado caso venha a precisar de transfusão sanguínea no futuro.


Com isso, eu e meu marido chegamos a conclusão que a relação custo/benefício em armazenar o sangue do nosso cordão em um banco privado seria muito desfavorável, então optamos pelo não. Infelizmente o serviço público daqui não faz coleta no hospital em que a Luisa nasceu, então também não conseguimos doar para o banco público.


Hoje tornou-se claro para nós a importância do crescimento dos bancos públicos e não dos privados, já que há chance maior de precisarmos, se precisarmos, de uma amostra de outro doador ou de mais de uma amostra de sangue de cordão umbilical.

No Brasil é a rede BrasilCord quem armazena os cordões umbilicais doados voluntariamente pela família do recém-nascido. Os custos da coleta e do armazenamento são totalmente cobertos pelo SUS. Para saber se a rede BrasilCord tem convênio com sua maternidade de interesse e mais informações, acesse:

www.inca.gov.br 
www.cancer.org.br 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Dica para dor nas pernas

Olá gravidinhas de plantão,

Vocês já devem ter lido sobre ou ter sentido as famosas cãibras e dores nas pernas que ocorrem durante a gestação.

Eu nunca tive cãibras mas, para s sorte do meu marido que era escalado toda noite para uma boa massagem, a partir do sétimo mês de gravidez eu passei a sentir dores, uma sensação de peso e inquietação nas pernas, principalmente a noite. 

Passei algumas boas noites tendo dificuldade para dormir por causa disso e, na busca por algo que pudesse me ajudar, descobri o creme Instante Confort Legs da linha Mustela. (Conforto Instantâneo Para Pernas). Li algumas avaliações sobre ele na Amazon. Algumas mulheres não relataram melhora, mas a maioria dizia que era muito bom. Ele não é muito baratinho, mas resolvi tentar e foi milagroso para nós. Super recomendo.









terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Paternidade x Paternagem

O dia em que tudo mudou? Foi aquele dia em que ele recebeu a notícia. Eu estava grávida, ou melhor, estávamos grávidos. Chorou por trinta minutos sem parar e eu mal conseguia acalmá-lo. No dia seguinte, saiu correndo para comprar um bichinho de pelúcia, um coelhinho, e dizia que não via a hora de brincar com o bebê.

Em pouco tempo comprou um, dois, três livros sobre ser pai, mas logo abandonou todos eles. Não conseguia encontrar o que queria. Queria algo além das trocas de fralda, de como colocar para arrotar ou como escolher um seguro saúde para o bebê. Mal sabia ele que já tinha dentro de si o que buscava.

Mas então, qual o papel do pai?

Li um livro muito bom e interessante chamado "Maternidade e o encontro com a própria sombra", mas discordo com algumas coisas que a autora coloca e principalmente quando coloca sobre o papel do pai, "O pai não tem de exercer a maternidade, tem de apoiar a mãe em seu papel de maternidade"

Que é verdade que toda mãe precisa do apoio emocional do homem, sem dúvida. Que uma mãozinha é sempre bem-vinda para trocar a fralda, dar banho ou ninar, principalmente quando a mãe está exausta, também. Porém, o envolvimento emocional dele com o bebê é importante não só para a criança e para ele, mas para a própria mãe.

Hoje discute-se muito a diferença entre paternidade e paternagem. Paternidade é o ato biológico de gerar um filho. Paternagem envolve a criação de um filho com amor, envolve participar ativamente do preparo deles para a vida, envolve criar uma família onde a troca de afeto é mútua entre todos. E é esse o verdadeiro papel do pai, que é muito, mas muito além das trocas de fralda.

Foi-se o dia em que o papel do pai era apenas sustentar o lar, mas para a paternagem se estabelecer completamente, ainda temos um grande caminho a percorrer. Não existe pré natal para os pais. Não existe licença paternidade (me desculpem, mas cinco dias corridos não são licença paternidade). Não existe aquele pai totalmente livre de preconceito da sociedade, dos amigos, quando demonstra afeto ou faz algo especial para o filho. São os próprios homens vítimas de uma sociedade machista.

Assim meu marido aceitou a mudança que a chegada da nossa Luisa traria para sua vida. Participativo. Conversava e fazia planos com ela enquanto ela ainda estava na minha barriga. Queria saber tudo sobre o pré natal, o parto e tomar as decisões junto comigo. Em meio a passeios e viagens comentava que não via a hora dela chegar. Esse dia chegou, e a partir dele tornei-me mais enriquecida, pela chegada da minha filha e pela construção de uma família plena, na qual meu marido busca, como sempre buscou, ser um pai ativo. A partir dele me tornei mais feliz.

Me torno mais feliz quando o vejo sair correndo para ver a Luli assim que ela acorda. Quando a gente disputa na brincadeira quem vai empurrar o carrinho dela na rua. Quando ele a carrega em seus braços cantando por horas enquanto ela fixa o olhar nele admirando-o. Feliz sou eu quando ele muda o tom de voz para conversar com ela, daquele jeitinho fininho e carinhoso que os bebês adoram. Quando se preocupa se está confortável a roupa que ela está vestindo. Quando ele planeja e se preocupa com o futuro. Feliz sou eu quando ele questiona sobre colocar brincos nela para não vê-la chorar. Quando ele pede para esperá-lo chegar para o banho, mesmo que seja só para ficar olhando. Quando ele amamenta junto comigo. Quando encontro eles assim, abraçadinhos na cama. Feliz sou eu por vê-lo derramar uma lágrima ao receber um sorriso dela.

Mal sabe ele, mas pelas manhãs assim que a Luli acorda e ele a pega do berço para brincar com ela enquanto eu descanso mais um pouco, muitas vezes não volto a dormir. Fico namorando de longe o jeitinho como ele brinca com ela enquanto ela vai dando seus gritinhos de alegria.

Sim, aquele dia muita coisa mudou. Como todos dizem, o casamento muda com a chegada de um bebê. Muda porque você passa a admirar seu marido também pela forma como ele cuida do seu filho. 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Dar colo ou deixar chorar?

Todas aqui devem ter lido bastante sobre este tema, mas insisto nele pois ainda há muita controvérsia entre especialistas, conselhos da vovó e o nosso coração de mãe.

Desde que a Luli estava na minha barriga eu já a imaginava se aconchegando em meu colinho enquanto eu a paquerava sem fim. Antes mesmo de ela nascer eu já queria dar todo o colo do mundo para ela. Contrariando a opinião de muita gente que dizia que eu iria acostumá-la mal, assim eu fiz e faço. E não me surpreendo quando escuto com unanimidade que eu tenho um bebê feliz e que ela é muito boazinha. As pessoas me perguntam: ela não chora nunca? Quase nunca.

Quando eu ainda estava na faculdade aprendi que bebês não entendem o toque, carinho e beijo como demostração de afeto. Apenas o colo.  O bebê no colo se sente amado e protegido, pois se a mãe não o abandona é porque o ama. Por exemplo, quando um bebê embalado tranquilo no colo é colocado no berço e começa a chorar é porque não tem maturidade suficiente para entender que a mãe vai voltar depois.

Acredito piamente que o colo é a uma forma que os bebês tem de receber carinho de nós. E quem não precisa de carinho? Ainda mais um serzinho tão delicado e dependente, que acabou de sair do útero da mamãe onde se sentia plenamente seguro, não sentia fome nem dor e agora tem o medo da separação.

 Os bebês não têm caprichos, se choram, é por alguma necessidade fisiológica: fome, calor,  frio, dor por um arrotinho preso ou cólica ou por medo do abandono como instinto de sobrevivência. Ouvi uma frase do meu sogro, psiquiatra, que achei muito adequada: ela já está acostumada com seu colo, passou 9 meses nele, portanto o que ela precisa é, aos poucos, se desacostumar.  E se os bebês já nascem dependentes de colo, então não tem o que piorar.

Li vários artigos sobre o tema e o que mais me chama a atenção é a diferença entre nossos bebês, da cultura ocidental, e os bebês da cultura oriental que são carregados dia e noite no colo e nas costas de suas mães. Existe uma vasta literatura científica disponível sobre o assunto. É sabido que esses bebês choram menos e, ao contrário do que se pensa, se tornam auto-suficientes mais cedo e adultos mais confiantes e afetuosos. Além disso, a cólica parece ser uma condição dolorosa que aflige apenas os bebês ocidentais. Um estudo feito na Coréia não relatou nenhum bebê que apresentasse choro intenso no final da tarde, pico de choro aos 3 meses e bebês que sofressem das terríveis cólicas. No Canadá alguns pesquisadores já demostraram que é possível prevenir cólica pegando o nenê no colo várias horas por dia.

Além disso, alguns psicólogos comentam que bebês grandes e crianças pequenas que tem dificuldade de dormir a noite é porque estão tentando suprir uma necessidade de afeto que não tiveram, de ficar perto e dormir com os pais. Especialistas recomendam para não esperar o bebê começar a chorar, o que geralmente acontece com duas ou três semanas de vida, para pegá-los no colo e não deixá-los "passar do ponto".

Dar amor ao bebê não é o que impedirá que ele se torne uma criança auto-confiante e independente. E também não é nas primeiras semanas de vida que devemos ensinar isso a eles. Devemos sim é construir uma base emocional concreta para que, mais tarde, eles possam se relacionar com outras crianças e adultos.

Dei o máximo de colo para a Luli principalmente no seus primeiros dias e meses de vida. Deixava ela dormindo em meus braços durante as sonequinhas da tarde quando ela queria e também quando não queria. Quando preciso, a deixava por uma hora ou quantas fossem necessárias em meu colo durante as noites até que caísse no sono mais profundo e conseguisse colocá-la no berço sem que abrisse os olhos.

Mesmo com os livros recomendando para não deixá-la me usar de chupeta pois ela poderia viciar e ficar mal acostumada, a deixava lá sugando e dormindo tranquila após as mamadas até cessar sua vontade de ficar pertinho de mim. Sugar no peito não é necessariamente apenas para extrair leite. É um momento de intimidade com o bebê e de troca de afeto entre os dois. Além disso, quanto mais o bebê sugar em você, mais leite seu corpo vai produzir, favorecendo a amamentação prolongada.

Coincidência o não, ela é uma bebê super sorridente e passa dias seguidos sem chorar. Na primeira semana dela aqui em casa, ela me acordou chorando de madrugada, sem motivo aparente, apenas duas vezes e depois nunca mais.  Acorda apenas fazendo barulhinhos e dando sinais de fome quando quer mamar. Nunca chorou por mais de 5 minutos seguidos e nunca sofreu terrivelmente de cólica.

Não viciou e nem ficou mal acostumada. Aos pouquinhos e antes mesmo do que eu imaginava, ela está perdendo o interesse em dormir no colo. Hoje, ela mama super rápido e quando está satisfeita, se afasta e dá inúmeros sorrisos e gargalhadinhas olhando para mim. Com quase três meses, raramente ela precisa ser embalada para dormir e não acorda mais quando é colocada no berço. Se deixada lá, dorme tranquila durante as sonequinhas da tarde e a noite toda. Não pede mais para dormir no colo, mas dou colo sempre que posso porque quero, porque preciso e ela também.

A forma de recebermos e darmos carinho apenas muda com a idade. Você dá um abraço no seu filho de um ano sempre que ele lhe vem correndo de braços abertos, certo? Responde que também ama sempre que alguém lhe diz isso. Dá um beijo e faz um carinho no seu marido sempre que chega em casa. Ou não faz com medo de acostumá-los mal? Então porque não dar ao seu bebê o colinho tão desejado por ele?

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Nova definição de pré-termo, termo e pós-termo

Olá futuras mamāes,

Uma nova definiçāo da hora certa do parto foi estabelecida por obstetras americanos no final do ano passado. Antes, bebês que nascessem a partir de 37 semanas já eram considerados a termo. Hoje, aqueles que nascem entre 37 e 39 sāo considerados pré-termo porque ainda nāo foram totalmente desenvolvidos. Somente aqueles que nascerem após 39 semanas serāo considerados bebês termos.

Acho essa informaçāo muito importante, principalmente para as mamāes que farāo cesária por opçāo ou por condiçōes médicas. Talvez valha a pena esperar um pouquinho mais e aguentar a ansiedade de ver os rostinhos e conhecer nossos pequeninos!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Cesárea no Brasil x Parto normal nos EUA

Cesárea no Brasil x Parto normal nos EUA

Morando nos EUA e participando do grupo de partners dos estudantes de Wharton, eu ouvi histórias terríveis de mulheres que tiveram seus filho aqui. "Ficou vinte e poucas horas em trabalho de parto" "O nenê dela nasceu roxinho" "Ficou vinte horas em trabalho de parto complicado e só depois fez cesárea" e etc e etc. Logo após a notícia de que eu estava grávida e a possibilidade de a minha nenê nascer aqui, comecei a ficar preocupada com a saúde dela e também com a minha durante o parto (que eu queria que fosse normal), pois desconfiava que algo estava errado por aqui. 

Numa visita ao Brasil, fiz uma das consultas pré natal com meu médico de lá e perguntei como era o protocolo de parto normal no Brasil. Ele respondeu que o esperado é a mulher dilatar 1 cm por hora e que geralmente o máximo esperado é doze horas para que o bebe nasça, e a partir daí, cesárea. De doze horas para vinte horas é muita diferença. Preocupadíssima de ter um parto normal arrastado que colocasse a saúde do meu bebê em risco, cheguei até a pensar em só voltar para os EUA depois que ela nascesse.

Porém, sabendo dos altos índices de cesáreas desnecessárias no Brasil (>85% na rede privada) e apesar das histórias que ouvia aqui nos EUA, não conseguia entender porque eu e as minhas colegas brasileiras daqui víamos o parto normal como algo tão arriscado. Logo aqui, um país desenvolvido, com os melhores hospitais, avançadíssimo em pesquisa médica e referência mundial. Eu como profissional da área da saúde, sei muito bem que os protocolos aplicados nos hospitais do Brasil são todos baseados nos usados aqui.

Ao voltar para os EUA conversei muito com meu médico sobre isso. Ele me explicou sobre como eles conduzem o parto normal aqui nos Estados Unidos, e que ao primeiro sinal de necessidade, a cesárea não seria questionada. Fiquei aliviada, confiante e feliz, pois sabia que, querendo parto normal, então eu estava no lugar certo, onde as chances de conseguir eram muito maiores. O que acontece é que a conscientização sobre o parto normal é tão grande que então o medo da cirurgia faz com que as mulheres, mesmo quando começam a ter alguma complicação, neguem a cesárea. Fui atrás das minhas colegas dessas histórias que ouvia e elas me confirmaram: "insisti no parto normal contra a equipe, o que só agravou o problema, quase coloquei a saúde do meu filho em risco".  

Além disso, meu médico me explicou que na teoria a mulher dilata um cm por hora, mas na prática não é bem assim. Geralmente os primeiros centímetros levam horas ou mesmo uma semana para evoluir e os últimos são mais rápidos. Por isso algumas mulheres ficam horas em trabalho de parto. Na verdade elas estão apenas esperando a dilatação, mas a hora da fase ativa (de fazer a força para empurrar o bebê) que é só depois que você atinge dez centímetros, vai apenas de vinte minutos a duas horas.  Se o bebê não nascer em duas horas, eles partem para outra alternativa. E enquanto está tudo bem com a mãe e com o bebê, que é monitorado constantemente, não há motivo para intervir nessas cinco, dez, doze, vinte ou mais horas.  Logo as vinte horas em trabalho de parto começaram a fazer sentido. E como você vai passar essas horas, relaxada na cama ou aguentando o tranco das dores das contrações, é opcional tanto aqui como no Brasil, com ou sem anestesia.

E a teoria de um centímetro de dilatação a cada hora também não funcionou comigo. Naquela segunda-feira, durante minha consulta de 40 semanas, eu estava com apenas um centímetro de dilatação. Ao chegar no hospital na madrugada da segunda-feira seguinte, com 41 semanas de gestação, eu estava com quatro centímetros. Passei de 40 a 41 semanas de gestação tendo contrações fracas e irregulares diariamente. No domingo a noite, véspera de completar as 41 semanas, por volta das 18h, elas ficaram regulares - vinham a cada seis minutos. Às três e meia da manhã, depois de assistir um filminho com meu marido, resolvemos ir para o hospital. Foi apenas às 11 da manhã que cheguei aos cinco centímetros de dilatação, às 14h que cheguei aos seis centímetros, às 15:55 horas aos sete centímetros e às 16h cheguei aos dez centímetros. Minha filha nasceu nesse dia às 16:21. Ou seja, levei uma semana para dilatar os primeiros quatro centímetros, algumas boas horas para dilatar mais três, e cinco minutos para dilatar os outros três finais.

Aquele dia foi magnífico. Optei pela anestesia e passei horas super agradáveis com meu marido no quarto enquanto aguardávamos ansiosos pela Luisa. Ríamos, cochilávamos, conversávamos e fazíamos planos juntos. A equipe sensacional, humana e competente  me proporcionou um parto do jeitinho que queria, seguro, eficiente, humanizado, emocionante e acolhedor. Quando conto para as pessoas que no dia seguinte eu queria tudo de novo, ninguém acredita.

Tenho certeza que se eu estivesse no Brasil, eu terminaria com minha barriga aberta pelas horas que levei para dilatar ou por qualquer outra desculpa que pudessem inventar. Por medo do processo, por não saberem monitorar o bebê durante o trabalho de parto, por falta de anestesista que saiba conduzir uma gestante, e/ou por conveniência pessoal e financeira, os médicos convencem as mulheres brasileiras que cesariana é mais seguro. E não é. Há consenso mundial que o parto normal é mais seguro e saudável tanto para a mãe quanto para o bebê.

As mulheres brasileiras estão sendo privadas do momento mais especial de suas vidas. Não senti dor nem durante as contrações e nem durante os vinte minutos de força que tive que fazer para minha bebê nascer. Senti apenas felicidade infinita pelo privilégio que pude ter.

Pude ser a primeira pessoa a tocá-la na cabeça, antes mesmo de ela terminar de nascer.

Pude segurá-la em meus braços enquanto ela chorava pela primeira vez

Pude segurar na mão dela enquanto ela abria os olhos pela primeira vez e olhava diretamente para os meus.

Pude aquecê-la com meu corpo enquanto os procedimentos eram feitos.

Pude amamentá-la durante seus primeiros minutos de vida e tê-la em meu colo nas suas primeiras horas de vida.


                 

Para vocês terem uma idéia do contraste com o Brasil, quando perguntei ao meu médico, por curiosidade, da possibilidade de cesárea eletiva aqui, ele me respondeu que sim existe, mas que se eu optasse por isso, ele me ligaria todos os dias para tentar me convencer do contrário.

Hoje, quando vejo dezenas de conhecidas postando no facebook fotos de seus filhos enrolados num paninho de longe e elas com as mãos amarradas atrás de um pano verde enorme, fico com angústia só de pensar que voltaremos ao Brasil e minha segunda gravidez pode terminar desse jeito.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Time lapse da gravidez

Olá mamães queridas,

Para estrear o blog, o vídeo da minha gravidez.


Esse vídeo é uma montagem que eu e meu marido fizemos pra mostrar o crescimento da minha barriga durante meus 9 meses de gravidez. Fazer um time lapse da gravidez exigiu tempo e uma certa paciência, mas sem dúvida será uma recordação muito especial tanto para nós quanto para nossa filha.


Para quem quiser fazer um, é muito simples. Você só precisa de uma máquina fotográfica que fique disparando automaticamente e um tripé. A máquina que usamos foi a Canon PowerShot G1 X e o programa para a montagem foi o Sony Movie Studio, a versão grátis mesmo para teste, que você pode baixá-la aqui por 1 mês.


Confira o resultado do nosso vídeo abaixo, e se quiserem dicas é só deixarem aqui.





domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bem-vindas ao meu blog

Olá mamāes e futuras mamāes,

Há dois meses e meio ganhei o melhor presente da minha vida: minha pricesinha Luisa. E logo mais vou ganhar mais um: a minha sobrinha Lara. Pois é, eu e minha irmā ficamos grávidas praticamente juntas, e a  diferença de apenas meses nos permite curtir cada fase juntas, tirarmos dúvidas e trocarmos experiências e conselhos. Foi ai que, eu morando temporariamente nos EUA e ela no Brasil, ao escrever a ela sobre a Luli, me veio a idéia e a vontade de escrever um blog sobre maternidade. Nāo tenho a intençāo de dar conselhos aqui, pois acredito que cada bebê é diferente, mas sim de compartilhar minha experiência  e decisōes que tomamos nas questōes dos cuidados básicos, como sono, colo, alimentaçåo entre outros. Minha intençāo é que esse blog sirva para dar idéias para vocês mamāes e futuras mamāes, para que possam refletir e decidir o que é melhor para seus bebês. Além disso, compartilhar novidades do mundo dos bebês.

Sejam bem-vindas
Espero que gostem e me visitem sempre.

Com carinho,
Paty