domingo, 9 de fevereiro de 2014

Dar colo ou deixar chorar?

Todas aqui devem ter lido bastante sobre este tema, mas insisto nele pois ainda há muita controvérsia entre especialistas, conselhos da vovó e o nosso coração de mãe.

Desde que a Luli estava na minha barriga eu já a imaginava se aconchegando em meu colinho enquanto eu a paquerava sem fim. Antes mesmo de ela nascer eu já queria dar todo o colo do mundo para ela. Contrariando a opinião de muita gente que dizia que eu iria acostumá-la mal, assim eu fiz e faço. E não me surpreendo quando escuto com unanimidade que eu tenho um bebê feliz e que ela é muito boazinha. As pessoas me perguntam: ela não chora nunca? Quase nunca.

Quando eu ainda estava na faculdade aprendi que bebês não entendem o toque, carinho e beijo como demostração de afeto. Apenas o colo.  O bebê no colo se sente amado e protegido, pois se a mãe não o abandona é porque o ama. Por exemplo, quando um bebê embalado tranquilo no colo é colocado no berço e começa a chorar é porque não tem maturidade suficiente para entender que a mãe vai voltar depois.

Acredito piamente que o colo é a uma forma que os bebês tem de receber carinho de nós. E quem não precisa de carinho? Ainda mais um serzinho tão delicado e dependente, que acabou de sair do útero da mamãe onde se sentia plenamente seguro, não sentia fome nem dor e agora tem o medo da separação.

 Os bebês não têm caprichos, se choram, é por alguma necessidade fisiológica: fome, calor,  frio, dor por um arrotinho preso ou cólica ou por medo do abandono como instinto de sobrevivência. Ouvi uma frase do meu sogro, psiquiatra, que achei muito adequada: ela já está acostumada com seu colo, passou 9 meses nele, portanto o que ela precisa é, aos poucos, se desacostumar.  E se os bebês já nascem dependentes de colo, então não tem o que piorar.

Li vários artigos sobre o tema e o que mais me chama a atenção é a diferença entre nossos bebês, da cultura ocidental, e os bebês da cultura oriental que são carregados dia e noite no colo e nas costas de suas mães. Existe uma vasta literatura científica disponível sobre o assunto. É sabido que esses bebês choram menos e, ao contrário do que se pensa, se tornam auto-suficientes mais cedo e adultos mais confiantes e afetuosos. Além disso, a cólica parece ser uma condição dolorosa que aflige apenas os bebês ocidentais. Um estudo feito na Coréia não relatou nenhum bebê que apresentasse choro intenso no final da tarde, pico de choro aos 3 meses e bebês que sofressem das terríveis cólicas. No Canadá alguns pesquisadores já demostraram que é possível prevenir cólica pegando o nenê no colo várias horas por dia.

Além disso, alguns psicólogos comentam que bebês grandes e crianças pequenas que tem dificuldade de dormir a noite é porque estão tentando suprir uma necessidade de afeto que não tiveram, de ficar perto e dormir com os pais. Especialistas recomendam para não esperar o bebê começar a chorar, o que geralmente acontece com duas ou três semanas de vida, para pegá-los no colo e não deixá-los "passar do ponto".

Dar amor ao bebê não é o que impedirá que ele se torne uma criança auto-confiante e independente. E também não é nas primeiras semanas de vida que devemos ensinar isso a eles. Devemos sim é construir uma base emocional concreta para que, mais tarde, eles possam se relacionar com outras crianças e adultos.

Dei o máximo de colo para a Luli principalmente no seus primeiros dias e meses de vida. Deixava ela dormindo em meus braços durante as sonequinhas da tarde quando ela queria e também quando não queria. Quando preciso, a deixava por uma hora ou quantas fossem necessárias em meu colo durante as noites até que caísse no sono mais profundo e conseguisse colocá-la no berço sem que abrisse os olhos.

Mesmo com os livros recomendando para não deixá-la me usar de chupeta pois ela poderia viciar e ficar mal acostumada, a deixava lá sugando e dormindo tranquila após as mamadas até cessar sua vontade de ficar pertinho de mim. Sugar no peito não é necessariamente apenas para extrair leite. É um momento de intimidade com o bebê e de troca de afeto entre os dois. Além disso, quanto mais o bebê sugar em você, mais leite seu corpo vai produzir, favorecendo a amamentação prolongada.

Coincidência o não, ela é uma bebê super sorridente e passa dias seguidos sem chorar. Na primeira semana dela aqui em casa, ela me acordou chorando de madrugada, sem motivo aparente, apenas duas vezes e depois nunca mais.  Acorda apenas fazendo barulhinhos e dando sinais de fome quando quer mamar. Nunca chorou por mais de 5 minutos seguidos e nunca sofreu terrivelmente de cólica.

Não viciou e nem ficou mal acostumada. Aos pouquinhos e antes mesmo do que eu imaginava, ela está perdendo o interesse em dormir no colo. Hoje, ela mama super rápido e quando está satisfeita, se afasta e dá inúmeros sorrisos e gargalhadinhas olhando para mim. Com quase três meses, raramente ela precisa ser embalada para dormir e não acorda mais quando é colocada no berço. Se deixada lá, dorme tranquila durante as sonequinhas da tarde e a noite toda. Não pede mais para dormir no colo, mas dou colo sempre que posso porque quero, porque preciso e ela também.

A forma de recebermos e darmos carinho apenas muda com a idade. Você dá um abraço no seu filho de um ano sempre que ele lhe vem correndo de braços abertos, certo? Responde que também ama sempre que alguém lhe diz isso. Dá um beijo e faz um carinho no seu marido sempre que chega em casa. Ou não faz com medo de acostumá-los mal? Então porque não dar ao seu bebê o colinho tão desejado por ele?

2 comentários:

  1. Gostei do texto Paty. Parabéns.

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  2. Paty, sou testemunha de como a minha netinha Luisa é um bebê sorridente e feliz e praticamente não chora. Na minha geração a orientação que os próprios médicos davam era para não ficar mto com o bebê no colo senão ele ficaria "mal acostumado". Gostei muito dos seus esclarecimentos e creio que com essa nova postura (ancorada em pesquisas) poderemos ter bebês e mães estabelecendo uma relação de maior acolhimento e felicidade. Parabéns. bjs. Lidia

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